Dalmau acusa Ayuso de ser “pouco solidário” e prevê que todas as regiões autônomas do PP se beneficiarão da isenção da FLA
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O Ministro da Presidência da Generalitat, Albert Dalmau, atacou nesta terça-feira a Presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, pelas suas críticas ao perdão da dívida do Fundo Autónomo de Liquidez (FLA). Dalmau descreveu as declarações de Ayuso como uma "profunda falta de solidariedade" com o resto dos territórios da Espanha, incluindo comunidades autônomas governadas pelo Partido Popular.
Em entrevista à Catalunya Ràdio e posteriormente à TV3, Dalmau disse que o modelo defendido por Ayuso e pelo PP “não traz nada de bom nem à sociedade catalã nem à espanhola” e criticou o que considera ser uma atitude de “constantes disputas” por parte do partido conservador. Segundo o ministro, “o PP transformou a política num espetáculo de confronto permanente”, enquanto a Generalitat aposta numa política “calma, proativa e positiva”.
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Ela também criticou Ayuso por, apesar de se proclamar uma grande defensora da unidade da Espanha, demonstrar uma atitude prejudicial a todas as comunidades autônomas: “Estou surpresa que alguém que se considera tão patriota seja a pessoa menos solidária de toda a Espanha. "Alguém que coloca a Espanha na boca me surpreende tanto que ele tenha essa dinâmica de tentar incendiar tudo", disse Dalmau.
Em resposta às críticas de Ayuso, o ministro insistiu que a renúncia à FLA beneficia não apenas a Catalunha, mas também outras comunidades governadas pelo PP, e expressou sua convicção de que, apesar da oposição inicial, todas elas acabarão aceitando-a. "O que eles farão? Eles não participarão da baixa? Aposto muito que todos eles participarão", disse ele.
Ministro defende que cancelamento da FLA permitirá destinar mais recursos à saúde, habitação e serviços públicosA proposta de perdão da dívida da FLA, acordada entre o governo espanhol e a ERC, planeja eliminar 83 bilhões de euros de dívida regional, beneficiando especialmente comunidades como a Catalunha, a Comunidade Valenciana e a Andaluzia. Segundo Dalmau, este acordo permitirá à Generalitat ter maiores recursos para políticas sociais como habitação, segurança e reforço dos serviços públicos.
"Os recursos que economizaremos serão usados para melhorar o sistema de saúde, garantir acesso à moradia e fortalecer os serviços públicos, que são prioridades do Governo", disse o ministro. Ele também destacou o fortalecimento da Agência Tributária da Catalunha para administrar o imposto de renda pessoal a partir do próximo ano, no marco dos avanços em termos de financiamento individual na Catalunha.
Em relação às críticas de algumas partes que consideram que este acordo “consolida o café para todos”, Dalmau sublinhou que a eliminação da FLA é um passo necessário para reverter a situação de subfinanciamento da Catalunha e argumentou que “foi uma perversão que o dinheiro que saiu da Catalunha nos fosse devolvido com juros”.
O Governo e o executivo espanhol concordam em reforçar a segurança na Catalunha com mais Mossos e novas unidades judiciais.Na Comissão Bilateral realizada na segunda-feira, o Governo e o executivo espanhol também concordaram com medidas para fortalecer a segurança e a justiça na Catalunha. Dalmau destacou a criação de 60 novas unidades judiciárias para combater a reincidência múltipla e a ampliação do efetivo dos Mossos d'Esquadra, que contará com 25 mil agentes até 2030. "Em cinco anos, teremos mais 5 mil Mossos", explicou o ministro.
Ele reconheceu que a reincidência é um problema sério, especialmente na cidade de Barcelona, onde se concentram 50% dos casos, e insistiu que o Governo está tomando medidas concretas para lidar com isso.
Dalmau não foi o único membro do executivo catalão que defendeu a retirada da FLA. A porta-voz da ERC no Parlamento catalão, Ester Capella, também respondeu às críticas do PP e do Junts per Catalunya, dizendo que a dedução fiscal é “uma boa notícia para os catalães”.
Capella acusou o PP de inconsistência, lembrando que a FLA foi criada pelo governo de Mariano Rajoy e que agora o PP critica uma medida que beneficiará diversas comunidades governadas por ele. Ela também criticou Junts por não apoiar a ERC nas negociações com o governo espanhol: “Se tivessem uma fórmula melhor, poderiam ter nos acompanhado nessa negociação”, disse a líder republicana.
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